Fico
perguntando-me, em certos momentos, o que faz das pessoas serem o que elas
realmente são, ou o que eles querem e aparentam ser. Afinal, o que é ter
personalidade de fato? Utilizar, através da aparência, artifícios para
mostrar-se diferente pode ser um meio interessante, mas deveras simplório. Ter
personalidade vai muito além de possuir um estilo “diferente”. É a capacidade
de agir e seguir linhas de raciocínio em divergência das usuais. É criar um
estilo de vida próprio. É a fuga. A fuga de uma sociedade que impõem o que
devemos usar, o que devemos fazer, o que devemos comer e como devemos viver. E
quem não seguir este estilo de vida ditado, estará fadado a viver como
desigual, considerado como algum louco sem direito à vida e a sua escolha de
viver.
O
que é pior? É esse comodismo que não faz ninguém querer mudar. “A situação
poderia estar pior”. De onde vem a nossa comida? Não sabemos, mas mesmo assim
comemos. Esta roupa define o seu estilo? Pode ser, mas define o estilo de mais
de mil pessoas que a possuem também. A individualidade apagou-se com o tempo, e
somos simplesmente uma massa de fácil manobra. Nós aceitamos e compramos o que
eles bem entenderem vender. Nessa perspectiva, é óbvio “que nada se cria, tudo
se copia”, pelo simples fato de não nos darmos ao luxo de criar meramente nada.
Tudo está pronto. Moldado da forma que eles querem para nós. E as leis? A leis
estão ai para manter a “ordem”. Certamente, a desordem para eles seria um caos,
mas nada que não se possa mudar. É só comprar a confiança novamente que tudo
volta ao normal. Todos se esquecem do que passou, das revoluções que até
pareciam ter um caminho positivo. Mudou algo? Pode ter mudado, mas tudo voltou
como antes. E a censura? O que é censura mesmo? Todos trabalhando honestamente pela
pátria, pagando seus devidos impostos e vivendo aparentemente feliz.
O
que faz a diferença? O questionamento. E por que ela não existe? Porque não há
questionamentos. Perguntar-se o motivo de pagar os impostos e não receber um
décimo do que tem-se de mérito, em saúde, educação e segurança é a pergunta
mais básica e lógica a se fazer. Por que há tantas pessoas vivendo a margem da
pobreza? Lutar em busca de uma vida justa não é nada mais que um direito
inerente do cidadão. Todavia, existem artifícios para controlar os desgarrados,
os errados e inconformados. É ai que entra o que eu considero uma pessoa de
personalidade. Alguém que saiba pensar por si só, que saiba viver de acordo com
a sua vontade, e não a dos outros. Que consiga desapegar-se desse consumismo
exacerbado, dessa mentira que é viver em uma sociedade capitalista e hipócrita.
A capacidade de não se deixar manipular facilmente. Eu certamente invejaria
esta pessoa.
Não cabe a mim criticar o estilo que
cada um tem de viver, só questiono em que mundo vivemos hoje e se há algum meio
de modificar isso. Sejam quem vocês realmente são. Não há necessidade de
utilizar máscaras de acordo com o que querem que vocês sejam. E questionem-se.
Todos tem direito a seu livre arbítrio, e o conhecimento, pode sim,
modificar esta atual situação.